quinta-feira, 10 de março de 2011

WONDERFUL


Resolvi listar mentalmente algumas coisas que desejo fazer enquanto tenho “condições de temperatura e pressão”.  Algumas têm relação com o fato de morar em Brasília, que fica mais próxima de alguns lugares do que Recife, minha terra natal.  Nesse carnaval, eliminei o segundo item da minha lista: assistir ao desfile das Escolas de Samba, no Rio de Janeiro.
 
A beleza das fantasias e a imponência dos carros alegóricos não me surpreendeu. Tampouco a empolgação de estar assistindo a um dos maiores espetáculos visuais da face da terra, na cidade maravilhosa, considerada também uma das mais belas do mundo.  Tudo isso já é “cantado em prosa e verso” pela mídia, e acompanho anualmente pela televisão.  



É verdade que me emocionei com o espetáculo de cores e luzes, encantei-me com as coreografias das comissões de frente e fui contagiada pelo ritmo das baterias.  Entretanto, me deixei encantar ainda mais com o clima de camaradagem na arquibancada onde fiquei. 
 
Advertidas pelo pessoal da Liga das Escolas de Samba, eu e minhas amigas chegamos muito cedo, munidas com todo o arsenal que julgamos necessário: lanchinhos, capas de chuva e almofadas.  Ainda não eram 18h30, e já estávamos instaladas em nosso espaço, arduamente conquistado por Sara, única entre nós com tempo suficiente para a demorada compra dos ingressos, por telefone, há quase dois meses atrás.

Mal nos sentamos, ficamos conhecendo Massimo, um jovem advogado italiano, muito alegre e simpático, que logo quis ser fotografado com suas novas amigas brasileiras.  Até brindamos ao desfile com uma bebida que nos foi trazida pelo novo amigo. Quando quisemos pagar, ouvimos: aceitem como um “cortejamento”, palavra rapidamente traduzida para “cortesia”, por seu amigo Marcos, surfista e empresário em Santa Catarina.     


Em seguida, conhecemos Pablo, simpático engenheiro colombiano, residente em Minas Gerais.  Compenetrado, Pablo assistiu ao desfile sob orientação da minha amiga Zete, que explicou os diversos significados de cores, fantasias e tudo quanto lhe chamasse a atenção. 

De repente, surgiu diante de mim um jovem muito alto e louro, acompanhado de um baixinho ruivo e sardento.  Bastou um pedido de informação para que entabulássemos uma conversa animada: Paul, o “pequenino”, veio de Nova York para trabalhar em São Paulo e fala fluentemente o português.  Seu amigo David veio visitá-lo e aproveitaram para conhecer o Rio e assistir ao desfile.



Com esse pequeno grupo, estabelecemos um contato alegre e amigável, isento de qualquer malícia ou segundas intenções.  Conversamos, brincamos, falamos sobre os respectivos países, misturamos sotaques.

O desfile começou e nós, brasileiras, ouvíamos orgulhosas, as expressões de admiração dos “gringos”: “magnífico! belíssimo! fabuloso”.

Lá pelas tantas, mudanças na configuração da arquibancada e conhecemos uma representante da Ásia no sambódromo.  A “Japinha” como passamos, carinhosamente, a chamá-la, despertou nosso instituto maternal: surda-muda e sem conhecer uma palavra de português, “dialogou” com Rosana usando bloco, caneta e um laptop minúsculo que, a certa altura, tirou da mochila.  Sozinha assim, com deficiência auditiva e num país estranho - pensamos.  Mas a Japinha, com alterações faciais quase imperceptíveis, escreveu em seu bloquinho – “wonderful”, para nosso deleite.  


Mais um carnaval passou, marcando assim a passagem do tempo.  Agora, o ano vai, realmente, começar.  Entre as muitas recordações e aprendizagens desse curto período, fica a espontaneidade daquele contato gostoso.

Muito grata a Massimo, Marcos, Pablo, Paul e a Japinha, pelos momentos inesquecíveis. “ Wonderful”  para vocês também!    

2 comentários:

  1. Que dia empolgante eih! Nesse feriado conheci também muitas pessoas :]

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  2. então você me viu desfilando na União da Ilha?

    eu e carolina!!!

    foi arretado
    a gente estava de camarão/lagosta

    beijos

    dark

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